sexta-feira, 15 de agosto de 2014
Bar é poesia (Qual Pompeu)
Qual Pompeu
"Navigare necesse; vivere non est necesse" (Cneu Pompeu Magno)
(luiz alfredo motta fontana)
Nada mais "preciso"
mesmo teu repouso
"Desperta" o olhar
Bar é poesia (Chrysalide)
Chrysalide
(luiz alfredo motta fontana)
Ela era pupa
Ele era calmo
diziam até, um pouco avoado
O namorico
assim foi posto à mesa
Serviço francês, delicado
ela guardava um sorriso
ele um olhar perdido
Após o café
quando servia o licor, percebeu
Ela já não era mais pupa
Ele ainda avoado
num breve aceno
a viu esvoaçando em brisas e luares
Bar é poesia (gelo opaco)
gelo opaco
(luiz alfredo motta fontana)
Quando a noite atravessa
a mesa é desconforto
o gelo opaco
amarga o malte
quando
"o de sempre"
tem gosto
de "não quero mais"
é hora
de retornar
ao banho e à cama
adiando o tango
remoendo boleros
e assoviando samba-canções
Bar é poesia (A distração)
A distração
(luiz alfredo motta fontana)
A mesa, ao canto.
Nela o estranho.
O olhar, além da outra calçada.
O maço de cigarros, pousado, sobre o pano quadriculado da mesa, em parceria com um antigo relógio de bolso.
Nada destoava daquele arranjo.
A dúvida?
Qual personagem ainda faltava?
Que certamente desenharia um sorriso ao fim da espera.
Da sua mesa, no canto oposto, não percebia, nenhum vestígio, nenhum sinal.
Enredo mudo.
Por várias doses nada mudou.
Por fim, num distraído olhar para a moça que passava...
Percebeu...
A espera, como sempre,
era dele.
Bar é poesia (A Musa e a Avenida)
A Musa e a Avenida
(luiz alfredo motta fontana)
Tal qual pintura
assim como música
envolta em arte
ao som do repique da bateria
ao lado do Mestre-sala e Porta- bandeira
com cuidares das baianas
a despeito das Columbinas
sobre o sonhar de Pierrot
será ela
a apoteose
o brilho e cor da festa pagã
Por fim
na calma da quarta em cinzas
envolta em versos
simplesmente Musa
a devolverei ao Olimpo
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