domingo, 12 de julho de 2015

Bar é poesia (O vinho de Coimbra)




O vinho de Coimbra



(luiz alfredo motta fontana)


Era uma vez 11 togados
Todos eles abrigados
numa bela estalagem
Diziam que seu ofício
era especializado
Sentiam-se tão seguros
que alongavam os prazos

Era uma vez um deles
Cuja mãe era amiga
Da Marisa e não da Rose
O que lhe valeu a unção

Era uma vez uma ciclista
Que temia o destino
Entre suas paixões
Jantares e vinho lusitanos

E assim foram pegos
Por um olhar atrevido
Culparam o acaso
Pelas manchas do vinho

Que farão os outros dez?
Serão cúmplices calados
Mancharão sua togas?

Que fará o PGR?
Esquecerá sua recondução
Ou simplesmente incluirá
No curriculum a omissão?

Um suspeito já é
Outros dez poderão
Dividir a desdita
Ou romper a submissão

Uma certeza se tem
Por mais espessa a toga
Por mais lenta a Justiça
Conter o odor
Será tarefa inglória
Não há nariz que resista
Aos eflúvios que advêm
do vinho de Coimbra.