sexta-feira, 13 de maio de 2016

Bar é poesia (A dúvida)




A dúvida



(luiz alfredo motta fontana)




Ela
A mesma saia florida
A blusinha em tom palha
Nos pés sandália em saltos
equilibravam o ondular do quadril
Sorriu ao reconhecer

A diferença?
A mesa a que se dirigia
Nela, o outro
O bolero?
Talvez o mesmo

Ele
Distraiu-se
Em meio ao malte
Acendeu o cigarro
A fumaça era pura filosofia

Indagou-se
Enquanto acenava ao garçon
Com quantas verdades
compusemos
nossa mentira?







sábado, 7 de maio de 2016

Bar é poesia (permanecem...)




permanecem...



(luiz alfredo motta fontana)









permanecem
com todo o frescor de novo
o aroma e a maciez
de tuas curvas
junto ao percorrer dos sentidos

permanecem
vivos
mesmo que
condenados
ao fado de memórias

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Bar é poesia (Preguiça)




Preguiça



(luiz alfredo motta fontana)








Como no por de sol baiano
que se atrasa nos carinhos
Como na brisa
que busca, sem pressa, a folhagem
Na certeza do encontro, ainda que, findo o motivo
a tradução é a mesma
Preguiça

terça-feira, 3 de maio de 2016

Bar é poesia (O segredo)




O segredo





(luiz alfredo motta fontana)







Porque andas tão leve?
Teu caminho, pelo que sei, foi árduo...
Porque esse sorriso com ares de novo?
Qual teu segredo?

As perguntas brotavam sem pausas
do que se dizia "velho amigo"

sem pausas
sem vírgulas
sem pudores...

A curiosidade explícita

Porque?
Simples!
dissera em resposta
O caminho foi árduo, mas único
O segredo é singelo
Caminhe...
ao mesmo tempo dispa as mágoas
E nunca...
nunca mesmo
vista o "achamos isto ou aquilo"
dos meros circunstantes
estes, são péssimos alfaiates

Respondendo
entre um gole e outro
admirando a cor do malte
no mesmo copo baixo
límpido cristal
sem máculas do passado
mesmo que maturado entre histórias e encantos

Bar é poesia (O glamour)




O glamour




(luiz alfredo motta fontana)







a mesa repleta
a conversa fluindo

ele, como sempre encantado
ela, ensaiando a naturalidade

a música, tecendo o enredo

três vezes ela se fora
cometendo o ato inútil
levar os rins ao toilette
era a desculpa
para cuidar do carmim dos lábios